Deutsche Tageszeitung - UE defende Lei dos Mercados Digitais após críticas da Apple

UE defende Lei dos Mercados Digitais após críticas da Apple


UE defende Lei dos Mercados Digitais após críticas da Apple
UE defende Lei dos Mercados Digitais após críticas da Apple / foto: © AFP/Arquivos

A União Europeia (UE) defendeu nesta quinta-feira (25)sua emblemática lei de regulamentação dos mercados digitais e rejeitou o apelo do grupo de tecnologia americano Apple para revogá-la por supostos riscos de segurança.

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A Apple, que se opõe à lei desde o início, considera que a medida degrada os serviços oferecidos aos seus usuários e que os expõe a vulnerabilidades das quais antes estavam protegidos.

"A DMA (sigla em inglês para Lei dos Mercados Digitais) deve ser revogada, enquanto um instrumento legislativo mais adequado e alinhado à sua finalidade é implementado", afirmou a Apple em uma contribuição oficial a uma consulta iniciada pela Comissão Europeia (CE).

Como alternativa à eliminação da DMA, a Apple propôs uma lista de mudanças profundas, começando pela criação de uma agência reguladora distinta da CE, que seria responsável por exigir o respeito às normas.

A UE rejeitou categoricamente os ataques e declarou que não tem "a menor intenção" de revogar a DMA.

"Não nos surpreende a posição do lobby da Apple, que nos pede para revogar a DMA", comentou o porta-voz do bloco para Assuntos Digitais, Thomas Regnier, lembrando que a empresa de tecnologia californiana "contesta cada elemento da DMA desde sua entrada em vigor".

As críticas à DMA lembram os ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao intervencionismo da UE no setor digital.

A Apple acusa a Lei dos Mercados Digitais de privar os consumidores europeus de algumas funções em seus novos dispositivos enquanto a empresa verifica se cumprem às restrições.

Segundo a empresa, a DMA estaria longe de fomentar a inovação em benefício dos consumidores, seu objetivo final.

- Fones de ouvidos limitados -

A Apple citou vários exemplos em um comunicado publicado nesta quinta-feira. O grupo afirma que foi obrigado a eliminar na UE a função de tradução automática "ao vivo" de seu novo fone de ouvido sem fio Airpods Pro 3, um dos seus principais atrativos, devido à DMA.

O grupo também recordou sua oposição à abertura de seus dispositivos a lojas de aplicativos e sistemas alternativos de pagamento, medida imposta pela DMA, mesmo quando "não cumprem os mesmos padrões elevados de privacidade e segurança" da App Store.

Também mencionou que a DMA tornou acessíveis aplicativos pornográficos nos iPhones, "apesar dos riscos que implicam, especialmente para as crianças".

A Apple construiu seu sucesso em um ecossistema fechado, no qual controla todos os parâmetros, citando exigências de segurança e o conforto aprimorado para os usuários, uma filosofia claramente oposta às normas europeias de concorrência, que foram reforçadas com a DMA.

O texto adotado em 2022 pela UE, e que começou a ser aplicado em março de 2024, prevê multas que podem alcançar 10% da receita global da empresa, e até 20% no caso de reincidência.

A Apple já foi punida. A Comissão Europeia impôs em abril uma multa de 500 milhões de euros (3,12 bilhões de reais na cotação atual) por cláusulas abusivas na App Store.

A sanção, contra a qual a empresa apresentou recurso, foi a primeira aplicada contra um gigante de tecnologia com base na DMA.

A Apple também está sendo investigada pela UE no âmbito de outra legislação emblemática, o Regulamento dos Serviços Digitais, que impõe obrigações às plataformas para proteger os usuários contra conteúdos ilegais e perigosos.

(W.Budayev--DTZ)