Deutsche Tageszeitung - Governo britânico propõe endurecer regras para conceder residência permanente

Governo britânico propõe endurecer regras para conceder residência permanente


Governo britânico propõe endurecer regras para conceder residência permanente
Governo britânico propõe endurecer regras para conceder residência permanente / foto: © AFP

O governo trabalhista britânico anunciou durante a conferência anual do partido, nesta segunda-feira (29), que planeja endurecer as condições para a obtenção de permissão de residência permanente no Reino Unido, em meio a preocupações com a ascensão do partido de extrema-direita Reform UK.

Alterar tamanho do texto:

A ministra do Interior, Shabana Mahmood, detalhou sua proposta aos membros do Partido Trabalhista reunidos em Liverpool (norte da Inglaterra) esta tarde, a mais recente de uma série de medidas anunciadas pelo governo do premiê Keir Starmer para reduzir a imigração no país.

"Sem controle, não conseguiremos ter as condições para que nosso país seja aberto, tolerante e generoso", declarou a ministra.

"Vocês devem conquistar o direito de se estabelecer neste país para sempre", acrescentou.

O combate à imigração é uma das prioridades do primeiro-ministro, que chegou a Downing Street há quinze meses e apresenta um desempenho ruim nas pesquisas.

Segundo o projeto do governo, para obter uma permissão de residência permanente, as pessoas que chegaram de forma regular ao Reino Unido devem estar empregadas, não ter antecedentes criminais, pagar contribuições para a previdência social, ter um alto nível de inglês, não receber benefícios sociais e realizar trabalhos voluntários locais.

- Ascensão da extrema-direita -

Atualmente, as pessoas que, entre outros critérios, trabalharam no Reino Unido por cinco anos podem solicitar uma autorização de residência permanente, o que lhes dá o direito de morar lá, trabalhar e receber benefícios.

Este anúncio ocorre poucos dias após o partido de extrema-direita Reform UK, que lidera com folga as pesquisas, prometer eliminar a permissão de residência permanente caso chegue ao poder.

O partido de Nigel Farage também quer obrigar os imigrantes, incluindo aqueles já regularizados, a solicitarem um visto a cada cinco anos.

No domingo, Keir Starmer atacou o Reform UK, chamando o plano do partido de extrema direita de "imoral" e "racista".

Em seu discurso nesta segunda-feira, Shabana Mahmood, cuja família é do Paquistão, criticou a ascensão do "etnonacionalismo" no Reino Unido e denunciou as "falsas promessas" de Nigel Farage.

A ministra pediu uma luta "por um Reino Unido maior, não por uma Inglaterra encolhida", referindo-se aos protestos anti-imigrantes que se espalharam pelo país.

Mas Mahmood também considerou necessário "entender por que algumas pessoas acham que este país não funciona".

O Executivo trabalhista intensifica suas medidas para combater a imigração regular e irregular.

Por exemplo, já anunciou planos para elevar o nível educacional necessário para obter um visto de trabalho e aumentar o tempo de permanência no país de cinco para dez anos para obter uma permissão de residência permanente.

- Aumento de permissões de residência permanente -

No ano passado, 163.000 pessoas obtiveram uma autorização de residência permanente, um número que aumentou 35% em relação ao ano anterior.

Em outro discurso na conferência do partido, a ministra das Relações Exteriores, Yvette Cooper, estimou que os eleitores terão que escolher em 2029 entre os trabalhistas e "a ideologia do caos da direita".

Cerca de 100 organizações, incluindo Oxfam, Save the Children e Greenpeace, escreveram à ministra instando-a a "parar de usar os imigrantes como bodes expiatórios".

Desde o início do ano, mais de 33.000 imigrantes chegaram à costa britânica em embarcações precárias, atravessando o Canal da Mancha, que separa a Inglaterra da França. Só no sábado, 895 pessoas chegaram ao Reino Unido, incluindo 125 em uma única embarcação, um número sem precedentes.

Um total de 27 pessoas morreram desde o início do ano tentando atravessar o Canal da Mancha, de acordo com dados compilados pela AFP a partir de fontes oficiais.

(P.Vasilyevsky--DTZ)