Deutsche Tageszeitung - Canal do Panamá planeja construir dois novos portos

Canal do Panamá planeja construir dois novos portos


Canal do Panamá planeja construir dois novos portos
Canal do Panamá planeja construir dois novos portos / foto: © AFP

O Canal do Panamá planeja construir até 2029 dois portos com um investimento de 2,6 bilhões de dólares (R$ 13,97 bilhões, na cotação atual), em meio à incerteza sobre o futuro da concessionária de Hong Kong Hutchison Holdings, informou a autoridade que administra a via interoceânica nesta segunda-feira (27).

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O plano prevê a construção e concessão de dois terminais, Corozal, no Pacífico, e Telfers, no Atlântico, para aumentar a capacidade de movimentação de contêineres de 9,5 milhões de unidades por ano para 15 milhões.

O projeto é anunciado em um momento de indefinição sobre o futuro dos portos de Balboa (Pacífico) e Cristóbal (Atlântico), operados pela empresa Panama Ports, filial da Hutchison.

"Achamos que, se não fizermos isso aqui no Panamá, acontecerá em outro lugar da região, e precisamos decidir se queremos continuar competitivos", declarou o vice-presidente de Finanças da Autoridade do Canal do Panamá (ACP), Víctor Vial, em entrevista coletiva.

Vial fez a declaração após se reunir com cerca de vinte empresas interessadas no projeto, entre elas a Cosco Shipping Ports, de Hong Kong; a PSA International, de Singapura; a Evergreen, de Taiwan; a Hapag-Lloyd, da Alemanha; e a Maersk, da Dinamarca.

O canal prevê investir mais de 8,5 bilhões de dólares (R$ 45,68 bilhões) na próxima década para expandir e diversificar seus negócios. Entre os projetos estão a construção dos dois portos, um gasoduto e um novo reservatório.

A ACP pretende outorgar os contratos para as novas instalações até o fim de 2026, com início das operações em ambos os terminais em 2029.

– "Mais capacidade" –

Os cinco principais portos do Panamá estão próximos ao canal interoceânico e são operados por concessionárias de Estados Unidos, Taiwan, Hong Kong e Singapura.

Recentemente, o diretor da ACP, Ricaurte Vásquez, afirmou que esses cinco portos operam "praticamente no limite".

O novo projeto é anunciado em meio ao demorado processo de venda dos portos da Hutchison.

A empresa pretende vender sua participação nos terminais panamenhos para um conglomerado liderado pela norte-americana BlackRock, como parte de um grande pacote de vendas globais avaliado em 22,8 bilhões de dólares (R$ 122,53 bilhões).

A operação é vista com bons olhos pelos Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, chegou a ameaçar recuperar o Canal do Panamá sob o argumento de que ele seria controlado pela China.

Pequim, por sua vez, demonstra desconfiança em relação a um acordo que poderia prejudicar seus interesses.

Além disso, a Suprema Corte panamenha ainda precisa decidir sobre várias ações que podem anular a concessão dos portos à Hutchison.

"Vemos esse processo como algo independente do que está ocorrendo com a Panama Ports. No fim das contas, as ações afirmam que o Panamá precisa de mais capacidade para contêineres", declarou Vial.

O canal, com 80 quilômetros de extensão, tem como principais usuários os Estados Unidos e a China e por ali circulam 5% do comércio marítimo mundial. Inaugurado pelos Estados Unidos em 1914, passou ao controle do Panamá em 31 de dezembro de 1999.

(U.Beriyev--DTZ)