Deutsche Tageszeitung - Polônia pede reunião da ONU após incursão de drones russos

Polônia pede reunião da ONU após incursão de drones russos


Polônia pede reunião da ONU após incursão de drones russos
Polônia pede reunião da ONU após incursão de drones russos / foto: © AFP

A Polônia, em busca de apoio diplomático após a incursão de drones supostamente russos em seu território, anunciou, nesta quinta-feira (11), ter solicitado uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU, que se reunirá em caráter de urgência na sexta-feira em Nova York.

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A incursão na quarta-feira de quase 20 drones, que cruzaram a fronteira com a Ucrânia e Belarus, foi denunciada por Varsóvia, que pede um reforço das capacidades militares da União Europeia (UE) e da Otan em seu território.

Moscou nega qualquer tentativa de atacar alvos no país e afirma que Varsóvia não tem evidências de que os drones eram russos.

Desde o início da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, vários drones e mísseis lançados por Moscou entraram no espaço aéreo de países membros da Otan. Mas esta foi a primeira vez que uma nação da Aliança Transatlântica derrubou os dispositivos.

A Polônia é um apoio crucial para a Ucrânia desde o início da invasão russa e várias potências ocidentais condenaram a presença dos drones.

Diante do Conselho de Segurança, a Polônia pretende "chamar a atenção do mundo para este ataque sem precedentes perpetrado por drones russos contra um país membro não apenas da ONU, mas também da União Europeia e da Otan", declarou o chefe da diplomacia polonesa, Radoslaw Sikorski, à emissora RMF FM.

A presidência sul-coreana do Conselho indicou que a reunião está marcada para as 15h00 (16h00 em Brasília) de sexta-feira.

O órgão é composto por cinco membros permanentes com direito a veto, divididos em dois grupos opostos do ponto de vista geopolítico: de um lado, Estados Unidos, França e Reino Unido (aliados de Polônia e Ucrânia); do outro, Rússia e China.

A intrusão dos drones na madrugada de quarta-feira ocorreu em um contexto de muita tensão, às vésperas de grandes exercícios militares conjuntos entre Rússia e Belarus, denominados Zapad-2025 (Oeste-2025), de 12 a 16 de setembro.

A ação levou a Polônia a fechar sua fronteira com Belarus a partir desta quinta-feira e a limitar o tráfego aéreo em suas fronteiras orientais.

Lituânia e Letônia também anunciaram restrições ao tráfego aéreo em suas fronteiras com Rússia e Belarus.

- Reforço militar -

Varsóvia afirma que 19 drones entraram no espaço aéreo polonês na madrugada de quarta-feira, sem provocar feridos. Pelo menos três drones, "de fabricação russa", segundo Sikorski, foram derrubados pelo Exército polonês com o apoio dos aliados da Otan.

O ministro da Defesa da Polônia, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, afirmou nesta quinta que os drones haviam partido das regiões russas de Briansk, Kursk, Orel, Krasnodar e Crimeia.

Segundo ele, vários aliados de Varsóvia prometeram ou propuseram enviar reforços destinados principalmente à luta antiaérea.

A Alemanha anunciou que prolongará por três meses sua missão de proteção do espaço aéreo polonês e que o número de aviões de combate passará de dois para quatro.

Os Países Baixos afirmaram, por sua vez, que estão "acelerando a entrega à Polônia de duas de suas três baterias Patriot. Decidiram deslocar sistemas de defesa aérea de curto alcance, bem como sistemas de defesa antirrobôs. Enviarão 300 soldados", declarou Kosiniak-Kamysz.

A República Tcheca enviará três helicópteros Mi-17 para a Polônia, enquanto franceses e britânicos enviarão "aviões Rafale e Eurofighter", acrescentou o ministro polonês.

- Avalanche de protestos -

O presidente polonês, Karol Nawrocki, convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional para a tarde de quinta-feira, na qual participarão o chefe do governo, Donald Tusk, os ministros competentes em questões de segurança, os responsáveis pelo Parlamento e todos os partidos representados nele.

A incursão provocou uma avalanche de protestos dos aliados da Polônia, como Alemanha, França, EUA e União Europeia.

"A China espera que todas as partes envolvidas resolvam adequadamente suas divergências por meio do diálogo e da consulta", declarou Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim.

A pedido de Varsóvia, a Otan ativou o artigo 4 do tratado fundador da Aliança, que estabelece que os países membros se consultarão quando, a critério de qualquer um deles, "a integridade territorial, a independência política ou a segurança de qualquer uma das partes for ameaçada".

(I.Beryonev--DTZ)