Deutsche Tageszeitung - Apple pede revogação da Lei dos Mercados Digitais da UE

Apple pede revogação da Lei dos Mercados Digitais da UE


Apple pede revogação da Lei dos Mercados Digitais da UE
Apple pede revogação da Lei dos Mercados Digitais da UE / foto: © AFP/Arquivos

O grupo de tecnologia americano Apple pediu nesta quinta-feira (25) à União Europeia que revogue sua emblemática lei de regulamentação dos mercados digitais, por considerar que a medida apresenta riscos de segurança e cria uma "experiência pior" para os consumidores.

Alterar tamanho do texto:

A empresa, que expressa oposição à lei desde o início, considera que a norma resultou em uma degradação dos serviços oferecidos aos seus usuários e que os expôs a vulnerabilidades das quais antes estavam protegidos.

"A DMA (sigla em inglês para Lei dos Mercados Digitais) deve ser revogada, enquanto um instrumento legislativo mais adequado e alinhado à sua finalidade é implementado", afirmou a Apple em uma contribuição oficial a uma consulta iniciada pela Comissão Europeia (CE).

Como alternativa à eliminação da DMA, a Apple propôs uma lista de mudanças profundas, começando pela criação de uma agência reguladora distinta da CE, que seria responsável por exigir o respeito às normas.

O grupo americano, cujas críticas à DMA lembram os ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao intervencionismo da UE no setor digital, acusa a Lei dos Mercados Digitais de privar os consumidores europeus de algumas funções no lançamento de seus dispositivos enquanto a empresa verifica se cumprem às restrições.

Portanto, destacou a empresa, a lei estaria longe de fomentar a inovação em benefício dos consumidores, seu objetivo final.

- Fones de ouvidos limitados -

A Apple citou vários exemplos em um comunicado publicado nesta quinta-feira. O grupo afirma que foi obrigado a limitar na UE o uso de seus novos fones de ouvido sem fio AirPods Pro 3, lançados recentemente, ao eliminar a função de tradução automática "ao vivo", que constitui um dos principais atrativos do produto. A razão alegada é a DMA.

O grupo também recordou sua oposição à abertura de seus dispositivos a lojas de aplicativos e sistemas alternativos de pagamento, medida imposta pela DMA, mesmo quando "não cumprem os mesmos padrões elevados de privacidade e segurança" da App Store.

Também mencionou que a DMA tornou acessíveis aplicativos pornográficos nos iPhones, "apesar dos riscos que implicam, especialmente para as crianças".

A Apple construiu seu sucesso em um ecossistema fechado, no qual controla todos os parâmetros, citando exigências de segurança e o conforto aprimorado para os usuários, uma filosofia claramente oposta às normas europeias de concorrência, que foram reforçadas com a DMA.

O texto adotado em 2022 pela UE, e que começou a ser aplicado em março de 2024, prevê multas que podem alcançar 10% da receita global da empresa, e até 20% no caso de reincidência.

A Apple já foi punida. A Comissão Europeia impôs em abril uma multa de 500 milhões de euros (3,12 bilhões de reais na cotação atual) por cláusulas abusivas na App Store.

A sanção, contra a qual a empresa apresentou recurso, foi a primeira aplicada contra um gigante de tecnologia com base na DMA.

A Apple também está sendo investigada pela UE no âmbito de outra legislação emblemática, o Regulamento dos Serviços Digitais, que impõe obrigações às plataformas para proteger os usuários contra conteúdos ilegais e perigosos.

(L.Svenson--DTZ)