Deutsche Tageszeitung - Irã considera reimposição de sanções da ONU 'injustificável'

Irã considera reimposição de sanções da ONU 'injustificável'


Irã considera reimposição de sanções da ONU 'injustificável'
Irã considera reimposição de sanções da ONU 'injustificável' / foto: © AFP

O Irã classificou como "injustificável", neste domingo (28), o restabelecimento das sanções da ONU sobre seu programa nuclear após o fracasso das negociações com as potências ocidentais, e apelou a outros países para que não as implementem.

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As medidas incluem um embargo de armas e o congelamento de ativos e atividades bancárias de empresas e indivíduos ligados aos programas nuclear e balístico Irã.

A ONU apela a todos os países membros para que implementem essas medidas, definidas em resoluções anteriores. Mas a implementação prática depende de cada nação, e não está claro como a China, que compra quantidades significativas de petróleo iraniano, reagirá.

A Rússia já alertou que não implementará essas sanções, que, assim como a China, considera ilegais. Na sexta-feira, ambas as potências tentaram, sem sucesso, adiar o prazo.

As restrições, que voltaram a vigorar neste domingo às 00h00 GMT (21h00 de sábado, no horário de Brasília), estão em conformidade com uma cláusula do acordo internacional de 2015 que limita o programa nuclear do Irã a fins civis.

O Irã alega que suas atividades nucleares não têm propósito militar, e o Ministério das Relações Exteriores iraniano declarou que a reativação das sanções carece de base legal e é "injustificável".

Essas sanções representam um duro golpe para a economia iraniana. Neste domingo, a moeda local, o rial, atingiu sua mínima histórica em relação ao dólar, de acordo com diversos sites especializados.

Reino Unido, França e Alemanha, o grupo de países E3, ativaram em agosto o mecanismo de "snapback", que lhes permite restabelecer as sanções em 30 dias.

A tríade europeia E3 acredita que Teerã não fez "gestos concretos" para explicar a natureza de seu programa nuclear.

O programa nuclear iraniano prejudica há muito tempo as relações de Teerã com as potências ocidentais, que, juntamente com Israel, acusam a República Islâmica de buscar desenvolver armas atômicas.

Em junho, durante um conflito de 12 dias, o Exército israelense atacou diversos alvos ligados aos programas nuclear e de mísseis balísticos do Irã, uma campanha à qual os Estados Unidos se uniram, bombardeando as usinas nucleares de Fordo, Natanz e Isfahan em 22 de junho.

Essa ofensiva israelense interrompeu as negociações indiretas em andamento entre o Irã e os Estados Unidos.

Israel declarou neste domingo que o restabelecimento das sanções é "um importante passo à frente em resposta às contínuas violações do Irã".

"O objetivo é claro: impedir que o Irã adquira armas nucleares", acrescentou o Ministério das Relações Exteriores de Israel.

A chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, insistiu neste domingo que, embora o bloco europeu implemente sanções, o retorno de medidas punitivas "não deve significar o fim da diplomacia com o Irã".

O presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, disse a repórteres em Nova York no sábado, antes do prazo final, que os Estados Unidos haviam pedido ao seu país que desistisse de todo o seu urânio enriquecido em troca de uma moratória de três meses nas sanções. "Isso é totalmente inaceitável", afirmou.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, disse em um discurso na Assembleia Geral da ONU que a rejeição do texto russo e chinês que adiava o restabelecimento das sanções "expôs a política do Ocidente de sabotar a busca por soluções construtivas".

(O.Tatarinov--DTZ)